Caso Roswell
18 de Novembro, 20190 comments
Muitos ufólogos tiveram seu interesse pelo assunto despertado quando ainda eram crianças. Alguns por meio de livros, outros por meio de filmes ou séries de TV, com destaque para Star Trek [1966], que até hoje influencia pessoas em todo o globo a adentrarem os mistérios espaciais — e neles encontram a Ufologia. Nosso entrevistado desta edição não foge à regra: seu interesse surgiu quando sua mãe o levou para assistir a um filme sobre discos voadores. “Desde então eu sou fascinado por encontrar respostas para a presença alienígena na Terra”, diz.
É interessante notarmos como o fascínio que a Ufologia exerce sobre as mentes jovens se desenvolve ao longo dos anos. E da mesma forma nos perguntarmos como, com a chegada da maturidade, as pessoas veem o desenvolvimento da pesquisa ufológica. Na opinião de nosso entrevistado, a Ufologia não segue, atualmente, bons rumos. “Infelizmente, o que eu vejo hoje é muitas pessoas envolvidas no estudo dos discos voadores se preocuparem mais em validar suas opiniões do que em buscar a verdade”, diz ele.
Kevin Randle é um dos mais famosos ufólogos do mundo e grande expoente na investigação do Caso Roswell. Em seus livros já publicados, os temas abordados vão das quedas de UFOs até abduções e teorias da conspiração. Suas obras que alcançaram maior sucesso foram The Government UFO Files: The Conspiracy of Cover-Up [Arquivos Ufológicos Governamentais: A Conspiração do Acobertamento, Visible Ink Press, 2014], The Truth About the UFO Crash at Roswell[A Verdade Sobre a Queda de Um UFO em Roswell, MacEvans, 1994] e Crash: When UFOs Fall From the Sky [Queda: Quando os UFOs Caem do Céu, Career Press, 2010], todas voltadas principalmente para as suas pesquisas de quedas de naves alienígenas.
Mas ele também mostra sua visão das abduções em The Abduction Enigma[O Enigma da Abdução, Diane Publisher, 1999]. “As pessoas sempre me procuravam para saber minha opinião sobre assuntos relacionados à Ufologia. Percebi hoje que um blog é uma poderosa ferramenta para manifestar minhas ideias”, disse Randle sobre seu blog A Different Perspective [Uma Perspectiva Diferente], que já chegou a mais de um milhão de visitas [Endereço: http://kevinrandle.blogspot.com.br].
EXPERIÊNCIA MILITAR
Mas para ter chegado a esse ponto foram mais de 35 anos pesquisando a fenomenologia ufológica em todas as suas ramificações. Treinado pelo Exército dos Estados Unidos como piloto de helicóptero, oficial de Inteligência e policial militar, e pela Força Aérea também como oficial de Inteligência e relações públicas, Randle conheceu a fundo as operações e protocolos militares e utilizou esse conhecimento em suas pesquisas. Ele também é graduado em antropologia pela Universidade de Iowa e tem mestrado e doutorado em psicologia pela Universidade Militar Americana.
Durante suas investigações, Randle viajou por todos os Estados Unidos para entrevistar centenas de pessoas envolvidas no Caso Roswell, episódio em que se notabilizou, assim como nos eventos ocorridos sobre Washington, em 1952. Além deles, dedica boa parte de seu tempo às abduções. Randle também foi um dos primeiros pesquisadores e rever os casos investigados pelo Projeto Blue Book [Livro Azul], que incluíam mutilações de gado e sequestros por extraterrestres. Além disso, foi um dos pioneiros a sugerir que humanos e alienígenas trabalham juntos secretamente.
Hoje tenente-coronel aposentado do Exército, serviu nas Guerras do Vietnã e na segunda Guerra do Golfo como piloto de helicóptero. Após os eventos de 11 de setembro de 2001, entrou para a Guarda Nacional de Iowa como oficial de Inteligência. Sua unidade, o 234º Batalhão Sinal, partiu para o Iraque em 2003 e retornou em maio de 2004. Condecorado com a medalha de Ação em Combate, reformou-se em 2009. “Fiz algumas coisas em minha vida que poucas pessoas terão a oportunidade de fazer. Isso me deixa muito grato a tudo”, confessa, referindo-se a algumas impressionantes ações em cenário de combate no Iraque.
CASO ROSWELL
Como pesquisador do Caso Roswell, nosso entrevistado teve contato direto com muitas testemunhas — para ele o caso é o que de mais significante existe em toda a Ufologia Mundial. “O que aconteceu em Roswell nos primeiros dias de julho de 1947 faz parte da história da humanidade. Nós ainda não temos uma ideia clara de como esse evento ocorreu, mas no dia em que for oficialmente confirmado, irá mudar as nossas vidas”. Sobre o incidente, Randle é enfático ao afirmar que o relatório final publicado pela Força Aérea Norte-Americana (USAF), em 1994, afirmando que os destroços eram parte de um balão meteorológico e que os corpos encontrados eram, na verdade, bonecos de teste de um projeto secreto chamado Mogul, é mais uma grande mentira do governo. “Eles disseram que um avião decolou com o balão e os bonecos, mas o avião, segundo relatórios da própria Força Aérea, nunca saiu do chão”, explica Randle.
Além disso, nosso entrevistado afirma não ficar surpreso com as manobras feitas pelo governo para continuar a acobertar o caso. “Qualquer tribunal do mundo, com as testemunhas que entrevistamos e com todas as provas que obtivemos, nos daria ganho de causa. Mas aqui enfrentamos pessoas poderosas e seus interesses particulares”. Randle transita igualmente com muita autoridade entre vários aspectos do Fenômeno UFO, incluindo a investigação dos controversos documentos Majestic-12. “Já fui muito atacado devido à minha exposição de ideias quanto a esse assunto, mas recentemente descobri fatos que mais uma vez reforçam a ideia de que os documentos foram forjados em meados dos anos 1980 para ganho pessoal de alguns envolvidos, e não em 1952”.
As pessoas me procuravam para saber sobre Ufologia. Percebi hoje que um blog na internet é uma poderosa ferramenta para manifestar minhas ideias (…) Fiz algumas coisas em minha vida que poucas pessoas terão a oportunidade de fazer.
Autor de um livro que trata exclusivamente sobre quedas de UFOs, ele cita que em um universo de mais de 300 supostos casos, apenas meia dúzia pode ser considerada verdadeira. “Para mim, os casos de Roswell, Kecksburg e Shag Harbour são os mais importantes. Outros estão em um patamar de ‘quase reais’, mas dependem de evidências mais sólidas, como o Caso de Ubatuba, ocorrido no Brasil nos anos 50. E eu mudei minha opinião sobre alguns episódios, como o de Kingman”.
O pesquisador concorda que ainda existem muitos acontecimentos que jamais foram investigados devido à falta de informações. Para ele, eventos ocorridos em países como Rússia e China ainda são um mistério. “Já recebi muitos relatos de casos nesses dois países, mas investigá-los é algo quase impossível até mesmo para ufólogos de lá”. Com respeito à recente divulgação sobre uma pedra achada no local da queda do disco voador em Roswell, que traria evidências do fato, Randle diz que não há nenhuma ligação entre a rocha e o episódio de 1947. “Veja que o maior especialista em agroglifos, Colin Andrews, disse que a rocha tem o desenho de um agroglifo feito por um designer inglês. Como algo de 1947 pode ter o desenho de algo feito nos dias de hoje?”
FENÔMENOS EXTRATERRESTRES
Outra questão bastante delicada de que trata é a proposta feita pelos ufólogos ao governo norte-americano para que se conceda anistia para militares que vierem a público relatar seu contato com fenômenos extraterrestres. “Por ser um militar, entendo muito bem como isso é visto dentro das forças armadas. O povo americano é muito patriota e ir de encontro aos seus juramentos não é fácil. Todos os oficiais que entrevistamos sobre o Caso Roswell não estavam mais na ativa, mas nada revelaram de relevante. Tudo o que conseguimos foi de civis. Jesse Marcel, por exemplo, quando deu seu depoimento, já havia deixado o Exército há mais de 30 anos. Eu, se estivesse envolvido em algo assim e fizesse um juramento, o levaria comigo até o túmulo”. É nesse tom que a entrevista de Kevin Randle prossegue a seguir. Ele é, acima de tudo, um pesquisador autêntico, que não está atrelado à nenhuma convicção que não possa ser mudada e não se incomoda em nadar contra a correnteza em sua busca pela verdade. Em suas próprias palavras, “para que a Ufologia seja vista com olhos mais sérios, precisamos mudar a cabeça das pessoas”.
Você é um dos grandes pesquisadores do Caso Roswell, mas o que pouca gente sabe é que foi quase por coincidência que você conheceu o episódio. Pode nos contar como isso aconteceu?
Realmente essa é uma história longa e enrolada. Quando ouvi pela primeira vez sobre o evento, estava convencido de que era o Caso Aztec — a suposta queda de um UFO na cidade de Aztec, também no estado do Novo México — repaginado, com uma nova data, novos personagens e nova localização. Eu simplesmente não acreditava em nada e ignorei o que ouvi. Mas, em 1998, eu estava em uma convenção de ficção científica em Milwaukee, no estado de Wisconsin, e fui convidado para participar de um debate sobre o Fenômeno UFO, no qual discutiria com autores de ficção científica e outros ufólogos. Contudo, para a minha surpresa, somente um ufólogo estava no palco, Don Schmitt, e ali falamos sobre Roswell. Não muito depois, fui convidado para auxiliar na investigação do Center for UFO Studies (CUFOS) sobre o Caso Roswell, devido à minha experiência militar. Eles achavam que eu poderia ajudar no contato com as testemunhas militares, ou seja, eu entenderia coisas que um civil jamais poderia entender.
E você aceitou o convite?
Sim. Schmitt e eu viajamos para o estado do Novo México, já com várias entrevistas agendadas. Frank Joyce, nosso primeiro depoente, desistiu na última hora dizendo que estava doente. A segunda entrevista era com um grupo de pessoas muito simpáticas, mas com uma crença um pouco estranha e quase nenhum conhecimento sobre Ufologia. As outras conversas pareciam ir pelo mesmo caminho, isto é, não seriam proveitosas. Foi então que encontramos Bill Brazel e tudo mudou.
Como assim?
Bem, Bill é filho de Mack Brazel, que foi a primeira testemunha da queda do UFO em Roswell — foi ele quem encontrou os destroços da nave e deu início à história toda. Quando Bill Brazel nos contou o que tinha visto, o que seu pai tinha feito e o que havia acontecido, todas as minhas convicções negativas sobre o caso desmoronaram como um castelo de areia. E isto foi ótimo. Naquele momento percebi que aquilo era apenas a ponta do iceberg. Teríamos que fazer muitas outras viagens a Roswell e colher mais testemunhos.
Você, então, foi convencido da veracidade do caso?
Não exatamente, mas embora eu ainda estivesse cético quanto à queda de um UFO, Schmitt e eu voltamos a Roswell várias vezes e falamos com dezenas de testemunhas, o que nos permitiu colocar em ordem os eventos de 1947. O mais importante foi que, por meio das entrevistas, conseguimos desmascarar algumas pessoas que afirmavam ser quem não eram ou que tinham participado de alguma forma no episódio. Algumas delas viviam em Roswell em 1947, mas não tinham nenhuma ligação com os eventos.
O Caso Roswell, então, ainda não está completo? Não temos todas as peças do quebra-cabeças?
Este caso é tão amplo que ainda existem testemunhas que não foram ouvidas e informações que não foram procuradas — é necessário muito tempo e dinheiro para descobrir segredos que estão sendo guardados por pessoas que os querem manter assim. Como explicar a solução dada pela Força Aérea Norte-Americana (USAF) de que o que foi visto eram os destroços de um projeto secreto chamado Mogul? O voo que eles disseram que levou os bonecos e os paraquedas foi cancelado, nunca existiu. E mesmo assim, afirmaram que os destroços eram parte de um balão utilizado no projeto.
Por favor, explique melhor o Projeto Mogul para nossos leitores?
Claro. Veja, ao longo do tempo, a USAF apresentou várias teorias inventadas para atacar a legitimidade do Caso Roswell perante a opinião pública. Uma mais inverossímil do que a outra. A mais recente é a de que os corpos encontrados no deserto do Novo México, ao lado na nave alienígena acidentada, nada mais eram do que bonecos com o peso de homens normais arremessados de aviões, com e sem paraquedas, para se testar as consequências do impacto com o solo. Este é o tal Projeto Mogul, que também afirma que a nave encontrada destruída seria um de tais balões de que eram arremessados os bonecos.
O fato de que muitas testemunhas do Caso Roswell já morreram e muitas outras já estão bem idosas o preocupa?
Essa é uma realidade que temos de enfrentar, mas fizemos um grande esforço para encontrar as peças-chave, aquelas pessoas que realmente tiveram um papel determinante no evento. Gravamos todos os relatos das testemunhas, alguns por telefone, outros em fitas de áudio e alguns em vídeo. Alguns depoentes nos receberam em suas casas. Portanto, nós temos gravado o que aquelas pessoas tinham a dizer para que outros possam rever o material do Caso Roswell na sua essência. O que eu mais sinto é que começamos a investigar o episódio muito tarde e perdemos a oportunidade de conversar pessoalmente com Mack Brazel.
O Caso Roswell é tão amplo que ainda existem testemunhas que não foram ouvidas e informações que não foram procuradas — é necessário muito tempo e dinheiro para descobrir segredos que estão sendo guardados por pessoas que os querem assim.
Você acredita que ainda há coisas que podem surgir sobre Roswell?
Sim, mas isso vai acontecer à conta-gotas. Pode ser que haja uma grande revelação se conseguirmos algum documento realmente importante. Eu fiz algumas solicitações ao governo por meio da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), mas no mundo atual isto é pouco importante para as agências, que já não respondem a esses ofícios como antigamente.
Após tanto tempo decorrido, como você vê a diferença entre o que foi descoberto antes e o que sabemos hoje sobre Roswell?
A diferença é muito grande. Quando o evento ocorreu, ele foi logo acobertado pelos militares e só voltou a ser discutido em meados dos anos 70. De lá para cá, mais de 200 pessoas foram entrevistadas — e as convicções que tínhamos no passado, vemos hoje que estavam erradas.
Quais seriam tais convicções?
Por exemplo, a grande maioria das pessoas ainda crê que Mack Brazel estava sozinho quando viu os destroços em seu rancho. Na verdade, ele estava acompanhado de Dee Proctor, o filho de seus vizinhos Floyd e Loretta Proctor. Brazel chegou a chamá-los para irem ao campo ver o que havia descoberto, mas eles não foram porque gastariam muita gasolina. Outro fato descoberto com o passar dos anos foi sobre a prisão de Mack Brazel. Os relatos diziam que ele havia ficado detido em Roswell por três dias — na verdade, ele ficou por uma semana, mas não em uma prisão e sim no hotel de trânsito da Base de Roswell, com seus direitos de ir e vir cerceados.
O que exploramos até aqui se resume a estranhos destroços de alguma coisa que caiu do céu, vistos por muitas pessoas em um campo desértico. Mas há testemunhas de um avistamento antes da queda do UFO?
Sim. Em 1947, William Woody era um garoto e morava em um rancho ao sul de Roswell. Ele declarou que em uma noite quente de julho daquele ano estava trabalhando no campo com seu pai. Ao anoitecer, viu um objeto brilhante indo na direção norte. Segundo seu depoimento, o artefato tinha um brilho branco intenso, como uma tocha, além de uma cauda flamejante de cor vermelha. Foi levantada a possibilidade de ter sido um meteoro, até mesmo pelo pai do garoto. Entretanto, ele não se movia na velocidade de um bólido, e ambos viram aquilo cair a cerca de 60 km de Roswell.
Eles chegaram a ir ao local presumido da queda da nave?
Não, eles não tinham carro e, mesmo achando estranho, ficaram com a ideia de que aquilo seria um meteoro — mas eles não foram os únicos a verem o objeto.
Há mais testemunhas deste fato?
Sim. O recruta E. L. Pyles, que servia na Base Aérea de Roswell, no 101º Esquadrão de Voo e Serviço de Comunicação. Em uma noite de folga, no mês do evento, ele estava andando com um colega quando viu algo no céu. Primeiro, pensou que fosse uma estrela cadente, mas seu tamanho era maior e tinha uma cauda de cor vermelha. Ele procurou informações sobre a possível queda de algo em Roswell quando retornou à base, mas ninguém, até aquele momento, tinha informações.
CRÉDITO: ARQUIVO UFO
A jornalista Leslie Kean quer que o governo anistie militares que revelarem segredos
A jornalista Leslie Kean quer que o governo anistie militares que revelarem segredos
Você acredita que hoje seria mais difícil acobertar uma queda de um disco voador?
Com todo mundo tendo um celular com câmera nas mãos, seria impossível controlar a informação porque logo as imagens estariam no Youtube, Twitter e em muitos sites — estamos vivendo em um mundo tão conectado que em uma hora todo o planeta teria visto as imagens.
Então por que não temos imagens de quedas de UFOs? Eles não caem mais na Terra?
Realmente não sei. Como eu disse, hoje não haveria como se fazer um acobertamento como o ocorrido em 1947 com o Caso Roswell. Penso que atualmente o problema seria o ceticismo das pessoas — quanto mais nítido um vídeo, mais as pessoas acreditam que ele seja falso.
Após décadas de pesquisas tão diligentes, qual é hoje a sua avaliação sobre o Caso Roswell?
Roswell é uma história relatada por pessoas honestas e com credibilidade que se corroboram, mesmo não se conhecendo pessoalmente. Temos todo o tipo de pessoas entre os depoentes, desde aqueles que foram testemunhas em primeira-mão até seus familiares. Alguma coisa estranha realmente caiu do céu naquela noite de julho de 1947. Alguma coisa que ainda não foi identificada, mas que tem uma grande possibilidade de ser extraterrestre.
Os casos mais famosos de queda de UFOs ocorreram até a década de 70. Hoje isso não acontece mais. É possível que os militares não estejam mais abatendo os UFOs ou que eles tenham ficado mais avançados?
Primeiro, eu não acredito que nós algum dia tenhamos tido a capacidade de derrubar um UFO militarmente, embora tenha havido muitas investidas de nossa parte — quando houve alguma queda, foi devido a algum acidente com a nave em si. E, segundo, eu não creio que tenhamos tantos casos de queda como afirmam alguns pesquisadores. Eu me refiro a casos reais. Especulações, nós temos às dezenas. Para mim, Roswell seria o principal, seguido por Shag Harbour, no Canadá [Veja este caso na edição UFO 138, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Qualquer outra coisa além disso, seria apenas pouso.
Mas você está excluindo casos como os de Kecksburg, Kingman e Las Vegas, em 1962, isso sem mencionar Ubatuba, no litoral de São Paulo.
Com exceção de Kingman, estes seriam os outros dois episódios que eu colocaria como verdadeiros. O Caso de Ubatuba é sensacional.
Por que você diz isso?
Ora, os céticos sempre perguntam onde está a prova física e francamente acho correto esse questionamento. Nós estamos pedindo que eles aceitem a ideia de que estamos sendo visitados por seres extraterrestres, então temos que estar preparados para lhes mostrar as evidências físicas disso. Claro que encontrar pedaços de UFOs não é uma coisa simples, mas de vez em quando temos essas provas em nossas mãos. O Caso Ubatuba resume tudo isso [Veja artigo nesta edição]. As análises laboratoriais feitas nos pedaços encontrados na praia não foram conclusivas, mesmo que uma parte mostre que não seriam de origem terrestre. E também temos que levar em conta o evento em si, os fatos e as testemunhas.
Philip Corso aposentou-se como coronel, mas muita gente acreditava que fosse general. Sua história, narrada no livro Dossiê Roswell, não faz o menor sentido quando analisada a fundo. Não há nada que corrobore as suas afirmações.
Você agora está descartando o Caso Kingman como provável queda de uma espaçonave extraterrestre?
Eu mudei a minha opinião sobre esse caso, assim como sobre outros, baseado em novas fontes de pesquisa, como a internet e em base de dados que não existiam há cinco anos. O Caso Kingman, ocorrido em 21 de maio de 1953 no estado do Arizona, diferentemente de muitos outros, tem várias testemunhas, pouca documentação e uma testemunha em primeira-mão ainda viva. Só isso já deveria ser suficiente para acreditar-se que seja real, mas dado o que temos até agora, precisamos de mais informações sólidas. Caso contrário, para mim ele pode ser considerado como uma fraude — mas tudo pode mudar com uma grande descoberta.
Voltando a Roswell, em 1997 surgiu um personagem que fez tremer a Ufologia Mundial, o coronel Philip Corso. Controverso ainda hoje, ele estava dizendo a verdade sobre Roswell?
Corso aposentou-se como coronel, mas muita gente acreditava que fosse general. Sua história, narrada no livro Dossiê Roswell [Educare, 2002], não faz o menor sentido quando analisada a fundo. Não há nada que corrobore as suas afirmações e há pontos em seu livro que são puramente fantasiosos. Portanto, ele não estava falando a verdade.
Mas então, quem era o coronel Philip Corso?
Corso foi um militar que chegou até a patente de tenente-coronel, esteve envolvido em alguns projetos secretos e aposentou-se nos anos 60. Está claro que algumas de suas histórias não fazem sentido, como, por exemplo, ele ter visto o corpo de um alienígena em 1947, em Fort Riley, no estado do Kansas. Mas ele não era um agente de desinformação — ele simplesmente estava inventando coisas. Sua afirmação sobre ter visto um alien naquela instalação militar é simplesmente mentirosa. Se tivesse mesmo havido um comboio para transportar os destroços de um UFO e corpos de seus tripulantes — e já foi comprovado que todo o material e cadáveres de aliens são transportados de avião —, seus integrantes teriam montado guarda e não desembarcado dos caminhões e deixado um sargento tomar conta de tudo. Esse sargento seria quem teria mostrado o alien para Corso, segundo ele. Ora, isto é inconcebível.
Obrigado. Você está escrevendo um novo livro no qual faz uma revisão de casos ufológicos clássicos. Um deles é o episódio que envolveu o piloto Lawrence Coyne e seu helicóptero, que mesmo após 40 anos ainda é um mistério. Conte-nos um pouco mais sobre ele.
Eu escolhi esse fato porque também sou piloto de helicóptero do Exército e recebi exatamente o mesmo treinamento que os militares envolvidos no caso. Tudo ocorreu no dia 18 de outubro de 1973, por volta das 22h30, quando um helicóptero UH-1H do Exército dos Estados Unidos decolou do Aeroporto Port Columbus, no estado de Ohio, com destino ao Aeroporto Internacional Cleveland Hopkins, também em Ohio. A bordo havia quatro passageiros, sendo o comando do capitão Coyne. A aproximadamente 16 km de Mansfield, todos notaram uma luz vermelha voando a oeste — mas eles não deram muita importância ao fato até que a luz mudou de trajetória, indo então em direção ao helicóptero, Coyne realizou uma série de manobras, mas quando uma colisão seria eminente, a luz posicionou-se sobre sua aeronave. Naquele momento todos viram que o artefato era, na verdade, um objeto cilíndrico com uma cúpula na parte superior e uma luz vermelha na ponta. Este é um caso fantástico e sem resposta até hoje.
Você chegou a participar de uma discussão com o cético Philip Klass sobre o caso, em que ele afirmou que o evento não tinha nada de ufológico. Como foi isso?
Ele falhou em sua tentativa de desbancar o acontecimento devido ao modo como manipulou as informações. Eu sabia onde ele tinha mexido, pois, como sou piloto de helicóptero, assim como eram aqueles militares. Eu me diverti com a descrição de Klass sobre a maneira como o helicóptero se portou e com a forma como ele simplesmente ignorou as testemunhas ou tentou manipular dados. Eu adorei o modo como Klass entrevistou outros pilotos que nunca tiveram um treinamento militar — obviamente que se um dos tripulantes viu o UFO mover-se da frente para o motor do helicóptero e outro viu o objeto se aproximar, não era um meteoro, como Klass insistiu em dizer.
Este é, de fato, um caso excepcional.
E único, pois toda a tripulação viu o UFO em detalhes. Aqueles militares observaram o artefato pairar sobre o helicóptero, causando sua perda de sustentabilidade, e logo depois desaparecer rapidamente. E mais, testemunhas em solo confirmaram todo o evento. O que dizer mais? Em 1973 os Estados Unidos atravessavam uma grande onda ufológica e o caso ganhou notoriedade mundial — a tripulação foi premiada com cinco mil dólares pelo Blue Ribbon Panel, um grupo de especialistas da revista National Enquirer que se reúne para analisar determinado assunto ou ocorrência.
E hoje, já se tem uma conclusão?
Não existe uma explicação oficial. Philip Klass sugeriu que fosse um meteoro, mas sabemos que não foi. Eu acredito que foi um genuíno caso de avistamento de uma espaçonave extraterrestre.
CRÉDITO: ROSWELL UFO MUSEUM
Alien de borracha exposto no Museu Ufológico de Roswell, produzido a partir de testemunhos do resgate dos ETs verdadeiros
Alien de borracha exposto no Museu Ufológico de Roswell, produzido a partir de testemunhos do resgate dos ETs verdadeiros
Além do Caso Coyne você poderia adiantar para os leitores da Revista UFO quais outros eventos irá revisar em seu novo livro?
Eu deveria manter isso em segredo, mas irei abrir somente para os leitores da UFO. Um deles será o Caso RB-47, em que um avião da Força Aérea Norte-Americana (USAF) equipado com instrumentos para medições foi seguido por mais de uma hora por uma intensa luz, detectada pelos radares do avião e do controle em terra. Outro será o famoso acontecimento da perseguição de um UFO por um caça iraniano sobre a capital daquele país, em 1976. Falarei também sobre o Dossiê Cometa, elaborado pela Associação Astronômica e Aeronáutica da França e lançado em 2001 [Publicado no Brasil pela Revista UFO com o código LIV-021. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Enfim, trarei novidades que estão mantidas em sigilo.
Vamos mudar um pouco de assunto? Há décadas se fala do dia do contato definitivo entre humanos e alienígenas. Em sua opinião, devemos esperar esse encontro em um futuro próximo?
Eu não sei. Para mim parece que se nossos visitantes realmente quisessem manter algum contato, isso já teria sido feito há muito tempo — não sei porque eles tentam esconder sua presença no planeta. Fico com a impressão de que não se importam que os vejamos, mas ao mesmo tempo não mostram
vontade de se comunicar conosco.
A impressão que temos é a de que a sociedade está acostumada a ouvir sobre alienígenas, o que torna o assunto rotina e lhe rouba a devida importância. Para você, isso ajuda os governos a continuarem com sua política de acobertamento?
A verdade é que os governos não têm o devido incentivo para revelar o que sabem. Com tudo o que está acontecendo no mundo, esse assunto não é prioridade, ao menos publicamente. Sem algo realmente grandioso, creio que ficaremos como estamos…
Recentemente chegou a parecer que esse algo realmente grandioso a que você se refere havia acontecido quando foi divulgada a descoberta da chamada “Rocha de Roswell”. O que pode nos dizer sobre a notícia?
A “Rocha de Roswell” é uma pedra encontrada no Novo México, com um entalhe praticamente idêntico ao desenho de um agroglifo, que algumas pessoas afirmam ser impossível ser feito com tecnologia terrestre. Foram feitas análises com microscópios e parece que não foram encontradas marcas de ferramentas capazes de fazer tal desenho. Também foi dito que a rocha apresentava estranhas propriedades magnéticas.
O que causou ainda mais alvoroço foi o fato de que ela tenha sido encontrada próxima ao suposto local onde estariam os corpos alienígenas em 1947, não é?
É verdade. A rocha foi encontrada a 40 km de onde afirmam que o disco voador se acidentou e onde os alienígenas mortos foram descobertos. O pesquisador Colin Andrews, um dos maiores especialistas em agroglifos do mundo, disse que o desenho é “quase uma cópia exata de um” — veja bem, ele disse “quase uma cópia exata”, o que é muito importante. O que estão falando nos círculos ufológicos norte-americanos é que esta pedra estava dentro da nave que caiu em Roswell e que, de alguma forma, foi expelida sem nenhum sinal de danos a quilômetros de distância do local da queda. Embora eu acredite que o homem que a encontrou esteja dizendo a verdade, o fato de que ela seja de Roswell não quer dizer que tenha alguma ligação com os eventos de julho de 1947.
A ‘Rocha de Roswell’ é uma pedra encontrada no Novo México com um entalhe praticamente idêntico ao desenho de um agroglifo, que algumas pessoas afirmam ser impossível de ser feito com tecnologia terrestre. Mas isso nunca foi confirmado.
Andrews foi muito criticado por sua afirmação e você, inclusive, foi um dos que mais o repreendeu. Poderia nos falar sobre isso?
Sim. Andrews conseguiu identificar o desenho como sendo de um agroglifo muito parecido com o feito por Julian Richardson, o que significa que ele não tem nada de alienígena, para começar — é um agroglifo feito por uma pessoa, ou seja, forjado, e se é igual ao encontrado na rocha, onde está o mistério? Vimos também em um documentário um artista que cria designs na superfície de rochas utilizando jatos de areia. Ele levou somente 30 minutos para fazer um desenho e nem o poliu. Oras, tendo tempo, ele poderia deixar qualquer rocha como a tal Rocha de Roswell. Mas a pá de cal neste assunto vem de quase 20 anos atrás, do Festival do Encontro Alienígena em Roswell de 1998, um evento anual que ocorre na cidade. Segundo algumas pessoas que lá estiveram, uma empresa chamada Milennium Productions estava vendendo rochas com desenhos de agroglifos, e algumas bem parecidas com “nossa” rocha. É algo puramente comercial, e aqueles que querem de qualquer forma que isso seja verdade ficam cegos diante das evidências de que a rocha não tem nada de alienígena.
Outra notícia que recentemente mexeu com a comunidade ufológica e também científica foi a descoberta de supostas fotos dos alienígenas mortos do Caso Roswell, apresentadas por Jaime Maussán [Veja edição UFO 224]. Essas imagens são reais?
Por mais de duas décadas eu procurei por fotos do acidente em Roswell. Deram-me nomes de pessoas que as teriam e falei com outros que disseram tê-las visto. Não tive sucesso. Eu ainda não vi essas supostas fotos mostradas por Maussán. Segundo ele, teria recebido slides coloridos de um casal, ela sendo uma advogada de renome no Texas, que teria trabalhado para a Inteligência dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial, e seu marido, um geólogo de uma empresa petrolífera. Sobre os slides, ele disse ter consultado um especialista em Nova York, que atestou que os filmes datavam de 1947. Mas o que ele não diz, e eu acho que seria importantíssimo, é a data desses slides.
E também surgiram rumores de que esses slides seriam, na verdade, do Caso Aztec. O que você pensa sobre isso?
Antes de qualquer coisa, não creio que o caso Aztec seja verídico — para mim, foi uma farsa criada por dois homens que queriam vender sua máquina de detector de metais, afirmando que seria feita com tecnologia alienígena proveniente de uma queda de UFO. O pesquisador Scott Ramsey escreveu em seu livro The Aztec Incident [Aztec Productions, 2011] que uma pessoa chamada James McLaughlin afirmou ter fotos de um UFO acidentado, que segundo Ramsey seria do Caso Aztec. Ou seja, temos afirmações diferentes sobre a origem dos slides. Especulação sem um fundamento é mera especulação.
Você acredita que ainda se consiga encontrar destroços do UFO no local da queda em Roswell, tantos anos após o incidente?
Eu duvido disso, mas como diz o ditado, “você tem que procurar”. Então as pessoas continuarão a procurar. É o que tem feito meu amigo e parceiro de investigação, Don Schmitt, que continua a fazer escavações em Roswell à procura de evidências. Eu estive envolvido em alguns de seus esforços, mas nos últimos anos meus deveres militares me afastaram um pouco — servi fora do país por 14 meses. Em 2008, por exemplo, nosso estado sofreu com inundações e eu fiz parte da força tarefa de reconstrução, por isso a Ufologia ficou em segundo plano por alguns anos.
Como militar aposentado e ufólogo, o que você acha daqueles que fizeram o juramento de jamais contar a verdade sobre Roswell?
Eu acho que eles mantiveram seu juramento até onde acharam que deveria. O capitão Oliver Henderson, por exemplo, contou o que viu à sua esposa após ler algo sobre o assunto no jornal. Ele errou, não deveria ter dito nada, mas acreditou que ela manteria o segredo. Tecnicamente, ele não deveria ter dito nada.
Então, para você, todos os militares envolvidos no Caso Roswell deveriam ter mantido segredo? Isso não é incoerente com seu trabalho, uma vez que você e os demais ufólogos envolvidos nas investigações do caso não teriam todos esses valiosos testemunhos?
Mas nós não soubemos de muita coisa por testemunhas militares, e sim por testemunhas civis. Jesse Marcel, por exemplo, contou o que sabia 30 anos após ter deixado o Exército. Tudo o que se tem que fazer é olhar os documentos antes secretos, nos quais verá que houve um acobertamento dos fatos sobre o Caso Roswell. É claro que com o testemunho dos militares teríamos uma credibilidade muito maior. Mas o mais importante é que todos falaram após terem deixado as forças armadas. Não fariam isso enquanto na ativa.
CRÉDITO: USAF
Helicóptero Bell UH-1H Iroquois semelhante ao modelo que o capitão Lawrence Coyne pilotava quando encontrou um UFO
Helicóptero Bell UH-1H Iroquois semelhante ao modelo que o capitão Lawrence Coyne pilotava quando encontrou um UFO
Entendo. Isso vai a favor do que alguns ufólogos — principalmente a jornalista Leslie Kean, consultora da Revista UFO — buscam, que é o perdão oficial para os militares da ativa que vierem a público relatar suas experiências ufológicas.
Exato, mas conhecendo os militares como eu conheço, isso não acontecerá tão cedo. Eles são muito unidos e os assuntos de que tratamos são de segurança nacional. Não será fácil. E mesmo que haja uma anistia, poucos virão a público, seja pelo fato de temerem ser ridicularizados e terem sua carreira destruída, seja pelo fato de simplesmente não acharem correto colocar em risco, ainda que supostamente, a segurança do país. Seria, na visão deles, algo não patriótico.
Vamos falar sobre os documentos Majestic-12 ou MJ-12. Você é um dos maiores críticos da sua autenticidade, por quê?
A alegação inicial de quem está por trás da suposta descoberta destes documentos era de que um tal Projeto Aquarius havia sido a organização secreta criada para explorar o acidente de Roswell — foi aí que surgiu pela primeira vez o assunto Majestic-12. O ufólogo William Moore e o jornalista Bob Pratt expuseram esse fato em um livro até hoje não publicado e fizeram dezenas de conferências a respeito. Havia também menção a uma terceira pessoa não identificada envolvida nisso. Mais tarde descobriu-se um único documento sobre o Projeto Aquarius, no qual era mencionado que os arquivos MJ-12 eram falsos. Anos depois, os mesmos arquivos MJ-12, contendo as mesmas informações, vieram à tona por meio de outros ufólogos, que os teriam recebido anonimamente pelo correio — não há qualquer informação sobre a proveniência deles. Foram entregues inicialmente para Moore, que, junto com seu amigo Jaime Shandera, publicou o fantástico caso. Para mim está muito claro que Moore e Shandera forjaram esses arquivos.
Você está indo de encontro ao que dizem outros ufólogos muito respeitados, como Stanton Friedman e Nick Redfern, que afirmam que os documentos são genuínos. Neles, inclusive, há a citação da queda de um UFO no México.
Neste material, conhecido como Documento Eisenhower, há referência a uma queda de um UFO perto de El Índio, no México, em dezembro de 1950. Esta é uma história contada por Robert B. Willingham, um senhor que alegou ser coronel aposentado da USAF. Em meados dos anos 80, quando o documento surgiu, muitos ufólogos acreditaram em sua veracidade porque se pensava que Willingham era quem dizia ser. Acontece que ele não era um piloto de caça, como dizia, e muito menos um coronel aposentado. Bem, se ele é uma farsa, o documento que ele dizia ser verdadeiro consequentemente é uma fraude também. E eu nem mencionei o fato de a assinatura do general Truman, que consta no documento, ter sido atestada como uma cópia…
Devido a seu posicionamento, chegou-se a dizer que você era um agente de desinformação da CIA, isso é verdade?
Todo mundo que contradiz o que a comunidade ufológica diz ser verdade é chamado de agente de desinformação. Fui acusado de ser um agente da CIA e de ter trabalhado no Projeto Blue Book [Livro Azul], o que, evidentemente, não é verdade. Grande criatividade desta gente…
Mais uma pergunta para finalizar: em sua visão, o que impede a Ufologia de ser vista de modo mais sério pela sociedade?
Apenas a mente das pessoas. As evidências são fartas e estão diariamente ao nosso alcance. Muito se deve, também, ao acobertamento dos governos e aos interesses de muitos outros grupos. Só saberemos no dia em que acontecer uma grande revelação. Até lá, temos que continuar a procurar a verdade com os meios de que dispomos. Não podemos ter medo de ir de encontro à correnteza, pois ela nem sempre está indo para o lugar certo.
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