Caso Travis Walton

18 de Novembro, 2019admin0 comments

O Caso Travis Walton diz respeito aos acontecimentos que envolveram o madeireiro estadunidense Travis Walton (nascido em 23 de abril de 1957) na noite de 5 de novembro de 1975, quando teria sido abduzido por um OVNI na Floresta Nacional de Apache-Sitgreaves, no Arizona, sob as vistas dos seus companheiros, reaparecendo somente após cinco dias de buscas intensas.

O caso de Walton recebeu considerável publicidade da mídia, sendo um dos exemplos mais conhecidos de alegada abdução alienígena, e um dos poucos com testemunhas oculares. Nunca antes um relato de abdução começou da maneira relatada por Walton e seus colegas de trabalho; além disso, o caso é singular no aspecto de que o protagonista desapareceu por dias a fio, com policiais à sua procura.

O caso começou em uma quarta-feira, 5 de novembro de 1975. Walton era empregado de Mike Rogers, que durante nove anos fora contratado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos para diversas tarefas. Rogers, então com 28 anos, e Walton, com 22, eram os melhores amigos; Travis namorava a irmã de Roger, Dana, com quem mais tarde se casaria. Os outros homens no grupo eram Ken Peterson, John Goulette, Steve Pierce, Allen Dallis e Dwayne Smith, que viviam na pequena cidade de Snowflake, Arizona.

Rogers fora contratado para podar árvores baixas e outros arbustos em uma grande área (mais de 1.200 acres) próxima de Turkey Springs, Arizona. O trabalho era o contrato mais lucrativo de Rogers com o Serviço Florestal, mas seu pessoal estava com o cronograma atrasado. Assim, precisavam trabalhar durante longos turnos para atender o contrato, normalmente das 6h da manhã até o por do sol.

Pouco depois das 18h, no anoitecer de 5 de novembro, Roger e seu grupo haviam terminado seu trabalho naquele dia e se acomodavam na caminhonete de Roger para voltarem a Snowflake.

O grupo informou que logo depois de começarem o retornar, viram uma luz brilhante vindo de trás de uma colina adiante. Ao se aproximarem de carro o bastante para ver a fonte da luminosidade, perceberam que esta emanava de um objeto discoide parado a uns 6m de altura e dividido por linhas verticais escuras. O disco tinha aproximadamente 2,5m de altura e 6m de diâmetro.

Rogers diminuiu a velocidade da caminhonete até parar, após o que, segundo eles, Walton saltou da caminhonete e correu em direção ao disco. Os outros homens disseram que gritaram para que Walton voltasse, mas ele continuou em direção ao disco. Mais tarde ele explicaria a sua atitude: “Eu fiquei com medo do OVNI ir embora e eu perder a chance da minha vida de ver um disco voador.”

Os homens relataram que Walton estava quase abaixo do disco quando o objeto começou a emitir ruídos muito altos, similares aos de uma turbina. A espaçonave começou a rodopiar e Walton se abaixou atrás de uma pedra. Ao se levantar para voltar à picape sentiu como que uma alta descarga elétrica e desmaiou. Ele aparentemente não viu o que o acertou, mas seus amigos sim: um forte raio de luz azul saído do OVNI.

Rogers disse mais tarde que estava convencido de que Walton morrera e, assim, se afastou dirigindo rapidamente pela estrada acidentada, com medo de que o disco estivesse perseguindo a caminhonete. Quando já estavam distantes do local, Rogers olhou para trás e viu que nada os seguia. As discussões começaram sem demora. Peterson e Rogers disseram que eles deveriam voltar e pegar Walton, mas alguns rejeitaram a ideia. Nesse momento, Rogers parou a caminhonete e disse com firmeza: “Quem não quiser voltar saia do carro agora e espere! Agimos como um bando de covardes, é verdade, mas precisamos fazer o que devíamos ter feito em primeiro lugar!”.

Todos concordaram em voltar. Ainda estavam se aproximando do local do incidente quando Rogers, o motorista, conseguiu ver rapidamente entre as árvores, ao longe, o objeto luminoso subindo e afastando-se a alta velocidade para nordeste.

Quando chegaram ao lugar onde haviam abandonado Walton, estava tudo quieto. Ainda receosos, saíram do veículo juntos, mas acabaram por se separar para vasculhar melhor a área, chamando pelo amigo. Inicialmente eles ficaram aliviados por não encontrar nenhum corpo, achando que Walton havia escapado. Mas depois de procurarem bastante e nada encontrarem, pensaram com horror na hipótese que restava: ele havia sido levado pelo disco voador!

Aproximadamente às 19h30min, Peterson ligou para a polícia de Heber, Arizona, próximo a Snowflake. O agente Chuck Ellison, da Polícia de Navajo, respondeu à chamada. Inicialmente, Peterson informou que um membro de sua equipe de madeireiros estava desaparecido. Em seguida, Ellison se encontrou com os homens em um centro comercial, onde relataram sua história, todos eles perturbados, dois em prantos, e embora estivesse cético a princípio sobre aquele relato fantástico, Ellison mais tarde refletiu que “se estivessem fingindo, eram tremendamente bons naquilo.”

Ellison informou seu superior, o xerife Martin Gillespie, que disse a Ellison para manter os homens em Heber até que ele chegasse com o agente Ken Coplan para interrogar os homens. Em menos de uma hora, Gillespie e Coplan chegaram, e ouviram a história contada pelos próprios homens. Rogers insistia em retornar ao local imediatamente para procurar por Walton, com cães farejadores, se possível. Não havia cães disponíveis, mas os policiais e alguns dos homens retornaram ao local. Três dos membros do grupo – Smith, Pierce e Goulette – estavam perturbados demais para serem úteis em uma busca e, assim, decidiram voltar para Snowflake e relatar as más notícias aos amigos e familiares.)

De volta ao local, os policiais começaram a suspeitar da história relatada pelo grupo, principalmente porque não havia nenhum indício físico para comprovar o relato. Embora mais policiais e voluntários chegassem ao local, não encontraram nenhum sinal de Walton. As noites de inverno podem ser bem frias nas montanhas e Walton usava somente jeans, uma jaqueta de brim e uma camiseta. A polícia temia que Walton pudesse sucumbir à hipotermia se estivesse perdido.

Rogers e o xerife Coplan foram dar a notícia à mãe de Walton, Mary Walton Kellett, que vivia em um pequeno rancho em Bear Creek, a umas 10 milhas (16 km) de Snowflake. Rogers contou a ela o que acontecera e ela pediu que repetisse o relato. Em seguida, perguntou calmamente se alguma outra pessoa além da polícia e das outras testemunhas tinha ouvido a história. Coplan achou estranha a discrição da resposta, um fator que contribuiu para a crescente suspeita entre a polícia de que outra coisa era responsável pelo sumiço de Walton, não um OVNI.

Aproximadamente às 3h da madrugada, a sra. Kellet telefonou para Duane Walton, seu segundo filho mais velho, que rapidamente deixou sua casa em Glendale, Arizona, e dirigiu até Snowflake.

Na manhã de 6 de novembro, muitos agentes e voluntários haviam vasculhado a área no local em que Travis desaparecera. Nenhum vestígio dele fora descoberto e a suspeita aumentava entre os policiais de que a história do OVNI fora inventada para encobrir um acidente ou homicídio. No sábado de manhã, Rogers e Duane Walton chegaram ao escritório do xerife Gillespie explosivamente furiosos por terem retornado ao local e não encontrado nenhum policial lá. Naquela tarde, a polícia buscava por Travis com helicópteros, homens a cavalo e jipes.

No sábado, a notícia do desaparecimento de Walton já havia se espalhado internacionalmente. Repórteres, ufologistas e curiosos começaram a chegar a Snowflake.

Entre os visitantes estava Fred Sylvanus, um investigador de OVNIs de Phoenix, que entrevistara Rogers e Duane Walton no sábado, 8 de novembro. Embora repetidamente expressando preocupação pelo bem-estar de Travis (e criticando o que a eles parecia ser um esforço sem empenho da polícia), ambos os homens deram declarações que os atormentariam quando usadas pelos críticos.

Nas gravações feitas por Sylvanus, Rogers notou que, por causa do desaparecimento de Travis e da busca posterior, não conseguiria cumprir seu contrato com o Serviço Florestal e esperava que a busca por seu amigo desaparecido aliviasse a situação. Duane Walton informou que ele e Travis tinham bastante interesse em OVNIs e que uns doze anos antes Duane vira um OVNI similar àquele visto pelo grupo de madeireiros. Duane relatou que ele e Travis haviam decidido que, se tivessem chance, chegariam mais perto possível de qualquer OVNI que vissem. Duane também sugeriu que Travis não seria ferido pelos alienígenas, porque “eles não machucam as pessoas”. Inadvertidamente, Rogers e Duane Walton lançaram as bases para uma interpretação alternativa do caso com suas declarações. Mais tarde, Travis diria que nunca tivera um “grande” interesse em OVNIs, mesmo depois da suposta abdução, mas a fita com a gravação da declaração de seu irmão Duane, enquanto Travis estava desaparecido, contraria a declaração de Travis.

Logo depois da entrevista de Sylvanus, o delegado de Snowflake, Sanford Flake, declarou que todo o caso fora uma peça engendrada por Duane e Travis. Eles haviam enganado a turma de madeireiros acendendo um balão e “soltando-o no momento apropriado”. A esposa de Flake discordava, dizendo que a história do marido era tão forçada quanto a de Duane Walton.

Nesse meio tempo, os policiais visitavam repetidamente a casa da sra. Kellet. Numa ocasião, Duane retornou e a encontrou às lágrimas enquanto era interrogada em sua sala de estar. Duane disse à polícia para sair, a menos que tivesse algo novo para informar ou perguntar. Duane sugeriu que ela falasse com a polícia somente na varanda da frente, o que lhe permitiria interromper a entrevista em qualquer momento, bastando simplesmente entrar na casa. Foi exatamente o que ela fez após o delegado Flake chegar com uma mensagem que contribuiu para o sentimento entre os céticos de que a sra. Kellet estava escondendo alguma coisa. Ou alguém.

Duane também conversou com William H. Spaulding do Ground Saucer Watch. Spaulding sugeriu que se Travis retornasse, o GSW poderia providenciar um médico para examiná-lo confidencialmente. Spaulding também sugeriu que, após retornar, Travis deveria guardar sua primeira urina para ser testada.

Na segunda-feira, 10 de novembro, todos os outros membros do grupo de Rogers passaram por um teste com o polígrafo, administrados por Cy Gilson, funcionário do Departamento de Segurança Pública do Arizona. Seu questionário perguntava se algum dos homens fizera algum mal a Travis (ou sabia de alguém que o tivesse feito), se sabiam onde o corpo de Travis estava enterrado e se disseram a verdade sobre terem visto um OVNI. Todos os homens negaram ter ferido Travis (ou saberem de alguém que o tivesse feito), negaram saber onde seu corpo estava e insistiram que realmente viram um OVNI.

Exceto por Dallis (que não completara seu exame, tornando-o inválido), Gilson concluiu que todos os homens diziam a verdade e os resultados do exame foram conclusivos. O relatório oficial de Gilson dizia que “Os exames com o polígrafo provam que os cinco homens realmente viram um objeto que acreditam ser um OVNI e que Travis Walton não foi ferido nem morto por nenhum desses homens naquela quarta-feira.” Se o OVNI fora uma brincadeira, pensava Gilson, “cinco desses homens não tinham nenhum conhecimento do fato.”

Mais tarde, Dallis admitiu ter ocultado uma passagem pela polícia para conseguir o emprego com Rogers e, por medo de ter sua mentira revelada, abandonou o teste com o polígrafo.

Após os testes do polígrafo, o xerife Gillespie anunciou ter aceitado a história do OVNI, dizendo: “Não há dúvida de que estão dizendo a verdade.”

Flake não se deixou persuadir. Em uma ocasião, apareceu na casa da sra. Kellet com uma equipe de televisão, esperando descobrir Travis escondido ali.

Pouco antes da meia-noite de segunda-feira, 10 de novembro, Grant Neff relatou ter atendido o telefone de sua casa em Taylor, Arizona, a algumas milhas de Snowflake (Neff era casado com a irmã de Travis, Alison). O outro lado, uma voz tênue disse, “É Travis. Estou em uma cabine telefônica no posto de gasolina de Heber e preciso de ajuda. Vem me buscar.”

Neff disse que, no início, pensou ser mais um trote. Contudo, antes que Neff desligasse o telefone, a pessoa falou novamente, quase histérica e gritando, “Sou eu, Grant… Estou ferido e preciso muito de ajuda. Vem logo me buscar.” Neff reconsiderou a identidade da pessoa do outro lado da linha: seu pânico parecia genuíno e, assim, Neff e Duane Walton dirigiram até o posto de gasolina.

Eles disseram ter encontrado Travis lá, caído na segunda de três cabines telefônicas. Usava as mesmas roupas de quando desapareceu, ainda inadequadas, já que a temperatura era de aproximadamente -7 °C, parecia mais magro e não ter se barbeado durante o tempo em que esteve ausente.

Durante a viagem de volta a Snowflake, Travis parecia assustado, trêmulo e ansioso, balbuciando repetidamente sobre seres com olhos terríveis. Pensava que estivera ausente apenas por algumas horas. Quando soube que sumira por quase uma semana, pareceu atordoado e parou de falar.

Duane Walton disse que decidiu não revelar a volta de Travis imediatamente, preocupado com a condição aparentemente frágil de seu irmão. Por não avisar as autoridades, Duane seria acusado de cumplicidade na ocultação de indícios que ele e Travis poderiam não querer que a polícia visse.

Na casa de sua mãe, Travis disse que tomou banho e comeu, mas que não conseguia deixar de vomitar, mesmo após refeições leves. Como Spaulding sugerira, Duane disse a Travis para guardar uma amostra de sua primeira urina após o retorno.

Após receber informação de um funcionário da companhia telefônica aproximadamente às 2h30min, a polícia soube que alguém ligara para a família Neff de um telefone público no posto de gasolina de Heber. Gillespie enviou agentes para coletar impressões digitais das cabines, mas tanto quanto os agentes puderam perceber no escuro, nenhuma das impressões era de Travis. Esse fato seria notado por críticos que pensavam que todo o caso era um trote, enquanto os que defendem o caso alegaram que um exame de impressões digitais feito no escuro, nas primeiras horas da madrugada, por dois agentes usando lanternas, dificilmente seria o ideal, sequer suficiente.

Duane se lembrou da oferta de Spaulding de um exame médico confidencial. Sem avisar as autoridades do retorno de Travis, Duane o levou até Phoenix, Arizona, mais tarde na manhã de terça-feira, onde se encontraram com o dr. Lester Steward.

Os Walton relataram que ficaram desapontados ao saberem que Steward não era um médico, conforme Spaulding prometera, mas um hipnoterapeuta. Mais tarde, Spaulding e Steward informariam que os Walton permaneceram com eles por mais de duas horas, enquanto os Walton insistem que permaneceram no consultório de Steward por no máximo 45 minutos, a maioria deles ocupados em tentar determinar a natureza das qualificações de Steward. Mais tarde, o tempo exato passado no consultório de Steward se tornaria um problema para o caso.

Na tarde de terça-feira, o retorno de Travis vazou para o público. Duane recebeu um telefonema de Spaulding e disse a ele que não importunasse a família novamente.

Entre outros telefonemas à procura de notícias sobre o retorno de Travis, um veio de Coral Lorenzen, da APRO, um grupo civil de pesquisa de OVNIs. Coral prometeu a Duane que ela providenciaria que Travis fosse examinado por dois médicos, um clínico geral, Joseph Saults, e um pediatra, Howard Kandell, na casa de Duane. Duane concordou e o exame começou aproximadamente às 3h30min da tarde de terça-feira.

Entre o telefonema de Lorenzen e o exame do médico, outro personagem apareceria e complicaria enormemente a história. Lorenzen recebeu um telefonema de um funcionário do National Enquirer, um tabloide americano conhecido por seu tom sensacionalista. O funcionário do Enquirer prometeu financiar as investigações da APRO, em troca da cooperação da APRO “para ter acesso aos Walton”. Uma vez que os recursos financeiros do Enquirer eram bem maiores que os da APRO, Lorenzen aceitou o acordo.

O exame médico revelou que Travis estava essencialmente em boas condições, mas que duas características incomuns foram notadas:

Um pequeno ponto vermelho na dobra do cotovelo direito de Travis, condizente com a picada de uma injeção, porém os médicos notaram que o ponto não estava próximo de nenhuma veia.

A análise da urina de Travis revelou uma falta de cetonas. Isso era incomum, já que Travis estivera ausente por cinco dias com muito pouca ou nenhuma comida, conforme insistia (e sua perda de peso sugeria), e seu corpo já deveria ter começado a consumir gorduras para sobreviver, elevando os níveis de cetonas na urina. Os críticos argumentariam que essa incoerência seria um indício contra a história de Travis.

Travis especularia mais tarde que a marca em seu cotovelo poderia ter sido contraída durante o trabalho com a madeira. Os críticos especulariam que a marca demonstrava que Travis (ou outra pessoa) injetara drogas em seu sistema. Os exames médicos, porém, não encontraram nenhum indício disso.

Quando o xerife Gillespie soube do retorno de Travis através da mídia, ficou furioso. Gillespie pensava ter demonstrado sua crença na história de OVNI com seu anúncio após os testes do polígrafo. Duane, contudo, ainda estava ressentido com o que acreditava ter sido um esforço apático das buscas por Travis.

Travis, então, contou a Gillespie o que acontecera durante os cinco dias em que estivera ausente. Foi a primeira vez em que contou o ocorrido a alguém, a não ser sua família e amigos mais chegados.

De acordo com Walton, ele foi abduzido pelo OVNI. Quando voltou a si, estava cheio de dores pelo corpo, num enorme mal-estar físico. Nos primeiros instantes não se atreveu a abrir os olhos, tal era a dor. Finalmente os abriu e começou a distinguir as primeiras formas. Percebeu que estava deitado sobre uma mesa e viu um retângulo no teto do qual saía uma luz difusa que iluminava a sala. Pensando estar num hospital e ainda com a visão debilitada, ele sentiu uma pressão no abdômen e percebeu que três figuras, provavelmente médicos, vestidos de vermelho, colocaram um estranho aparelho metálico na sua barriga.

Walton começava a achar estranha a cor das roupas dos “médicos” que o examinavam quando recuperou a visão abruptamente. Olhou então melhor e ficou chocado: não eram médicos que o observavam, mas sim pequenas criaturas com olhos escuros enormes! As suas cabeças eram desproporcionais em relação ao corpo e não apresentavam cabelos nem nariz ou orelhas salientes. As suas roupas eram constituídas por uma peça única, sem cintos nem qualquer tipo de adereços. “Pareciam com fetos”, diria mais tarde.

Assustado, Walton levantou-se rapidamente da mesa empurrando uma das criaturas e fazendo o aparelho que estava na sua barriga cair no chão. Ele percebeu que os seres eram bem leves e fáceis de derrubar. No entanto, Walton ainda estava muito enfraquecido e não conseguiu se aguentar nas pernas, apoiando-se na mesa. Ao ver que as criaturas aproximavam-se para agarrá-lo, tentou então vencer a sua fraqueza, pondo-se de pé e agarrando um tubo transparente de cima da mesa. Tentou quebrar a parte de cima para poder ameaçar os seres, mas o objeto era inquebrável. Os seres faziam sinais de “não” ou “pare” para ele. Walton começou a gritar para as criaturas se afastarem. Depois de o encararem por alguns instantes, os seres saíram por uma porta atrás de si rapidamente, em direção a um corredor à direita. Walton, nervoso, e apoiando-se numa bancada, começou a observar os estranhos objetos do aposento à procura de algo melhor para se defender caso as criaturas voltassem.

Vendo que nada acontecia, decidiu também ele sair pela porta em direção ao corredor, onde não se via ninguém. Passou por uma porta à esquerda que dava para o que parecia ser uma sala, mas não se atreveu a olhar lá para dentro, tal era o medo. Mais à frente, outra porta, desta vez à direita. Walton abrandou o passo, na esperança de encontrar ali uma saída.

Entrou numa sala redonda com três retângulos nas paredes, semelhantes a três portas fechadas. No centro da sala estava uma cadeira voltada de costas para a entrada. Walton decidiu entrar devagar, receando que alguém estivesse sentado na cadeira. Vendo que estava desocupada, aproximou-se. Observou um estranho fenômeno: à medida que se aproximava da cadeira, as paredes da sala iam escurecendo. Pontos brilhantes apareciam, como estrelas. Quando chegou à cadeira, era como se as paredes tivessem ficado transparentes e ele pudesse ver o céu noturno. No braço esquerdo da cadeira ficava uma pequena alavanca e no direito um display luminoso com filas de botões coloridos. Pensando que um daqueles botões podia abrir alguma porta, Walton começou a apertá-los, sendo a única reação uma alteração dos ângulos e da posição das linhas que surgiam no display luminoso. Decidiu então sentar-se na cadeira, obviamente feita para alguém com um corpo menor que o seu. Pegando na alavanca à direita e pressionando-a para a frente, viu as estrelas todas moverem-se rapidamente para baixo, como se ele estivesse a conduzir a nave! Receoso de causar um acidente, de desviar o curso da nave e não saber voltar, decidiu não tocar em mais nada.

Voltando para a extremidade da sala, as paredes voltaram a ficar como estavam ao princípio e ele tentou encontrar algo que abrisse uma das três portas na parede, sem sucesso. Voltou à cadeira e novamente as paredes escureceram. De repente, Walton ficou surpreendido pelo que viu na porta de acesso: outro ser humano! O humanoide tinha uns 2m e vestia um capacete transparente; era musculoso, tinha cabelos loiros compridos e vestia uma roupa justa azul.

Walton correu até ele e começou a fazer várias perguntas, mas o homem manteve-se calado. Depois, agarrou Walton pelo braço. Ele achou que o homem não respondeu nada por causa do seu capacete e pensou que ele o levaria para um lugar onde ele poderia tirar o capacete e conversar.

Eles caminharam até uma porta que descia uma rampa para fora. Ao descer a rampa, Travis percebeu que tinha saído do que parecia o mesmo OVNI que o tinha pego. Do lado de fora ele se viu em um lugar que parecia um grande hangar com outras naves parecida com a que o capturou.

Eles finalmente foram a uma outra sala, onde Walton viu uma mulher e dois homens sentados. Eles estavam vestidos iguais ao ser que o acompanhava e como ele tinham feições e corpo perfeitos. A mulher tinha um cabelo mais comprido do que os dos homens. Eles não usavam capacetes.

Walton chegou a perguntar “onde diabos estava”. Os seres somente olharam para ele com uma expressão serena. O ser que estava de capacete sentou Walton numa cadeira e saiu da sala.

Walton continuava a falar, e a mulher e um dos homens pegaram seus braços e colocaram numa mesa próxima, mas ainda com aquela expressão de compaixão e serenidade. Ele viu que eles não iriam responder a nada e então começou a gritar com eles. A mulher pegou um objeto que parecia uma máscara de oxigênio, mas sem tubo, e colocou no nariz e boca de Walton que perdeu a consciência e só acordou quando estava deitado perto de uma rua em Heber. Ao acordar, ele ainda pôde ver o objeto se distanciando.

Nesse meio tempo, Spaulding anunciara à imprensa que ele e o “doutor” Steward haviam entrevistado Walton por duas horas e descobriram incoerências no relato de Walton que iriam “acabar com a história”. O Phoenix Gazette publicou uma história sobre Steward, relatando suas alegações de que “os Walton temiam a revelação” de uma mentira cuidadosamente fabricada.

O xerife Gillespie providenciou um teste de polígrafo, mas quando a realização do teste vazou para a imprensa, Duane o cancelou, acreditando que Gillespie quebrara sua promessa de manter o teste em segredo. Posteriormente, Gillespie insistiria em que não falara uma palavra sobre o teste do polígrafo e que o caso se tornara sensacionalista demais para que qualquer coisa fosse mantida em segredo por muito tempo.

O National Enquirer queria que Travis se submetesse ao polígrafo o mais rápido possível e providenciou um, após Duane insistir que ele e Travis teriam o poder de vetar qualquer divulgação pública dos resultados do teste. Alguém poderia crer que Travis estava por demais perturbado para se submeter ao polígrafo, mas o examinador, John J. McCarthy, do Laboratório Poligráfico do Arizona, disse que poderia levar o estado de nervosismo de Travis em consideração.

Ao entrevistar Travis antes do início do teste, McCarthy conseguiu que Travis admitisse duas coisas: primeiro, que já fumara maconha algumas vezes, embora não usasse a droga regularmente, e segundo, que ele e o irmão mais novo de Mike Rogers haviam fraudado cheques alguns anos antes, alterando folhas de pagamentos. Esse era seu único caso sério com a lei – Travis cumprira dois anos em condicional, sem outros incidentes – mas Travis continuou profundamente embaraçado pelo episódio da fraude de cheques. Em certa ocasião, ele alegou ter sido preso pelo crime, quando na verdade passou dois anos em condicional por ser réu primário.

McCarthy, então, administrou o teste do polígrafo, que permanece envolto em controvérsias. Travis diz que McCarthy se comportou de maneira não profissional, enquanto McCarthy insiste que Travis, além de não passar no teste, tentou fraudá-lo. Em determinado ponto, diz Travis, McCarthy perguntou se Travis estava em “conluio” com alguém para perpetrar um trote. Travis disse não estar familiarizado com a palavra e, segundo ele, McCarthy respondeu de maneira incisiva e agressiva que conluio era planejar ou conspirar com outra pessoa, como Travis fizera para roubar e fraudar os cheques de pagamento.

Após concluir o exame, McCarthy determinou que Travis estava mentindo. Clark transcreve do relatório oficial de McCarthy: “Baseado em suas reações em todos os gráficos, é opinião deste examinador que Walton, em acordo com outros, está tentando perpetrar um trote sobre OVNIs e que não esteve em nenhuma nave espacial.” Mais tarde, McCarthy declararia que “algumas vezes Travis prendia a respiração, num esforço para enganar a máquina”.

Os Walton, a APRO e o National Enquirer concordaram, então, em manter os resultados desse teste em segredo, devido em grande parte, insistiam, às dúvidas sobre os métodos e a objetividade de McCarthy. Oito meses depois, quando o público soube dessa decisão, houve mais acusações de engodo e encobrimento. Posteriormente, Travis se submeteria a dois exames poligráficos adicionais e passaria em ambos, embora os resultados omitidos do primeiro teste permanecessem como uma nódoa e fossem mencionados em quase todas as discussões do caso e o sejam até o hoje.

Quando o ocorrido no teste poligráfico omitido foi tornado público, muitos dos que consideravam a história de Travis verdadeira (ou pelo menos que ele pensava estar falando a verdade), passaram a ver o caso com um olhar mais cético. Travis, Duane e os membros da APRO alegaram que McCarthy fora parcial e fizera a Travis perguntas embaraçosas e irrelevantes, num esforço para criar condições turbulentas que produzissem, mais provavelmente, um resultado negativo. As opiniões de renomados especialistas em polígrafos estavam divididas sobre a adequação do exame conduzido por McCarthy: Harry Reed acreditava na validade do exame feito por McCarthy, enquanto o psicólogo David Raskin da Universidade de Utah declarou que o método de McCarthy estava “defasado em mais de 30 anos”.

Philip J. Klass, jornalista de aviação por profissão, mas também conhecido antagonista de histórias de OVNIs, lançou uma crítica conjunta e constante contra as alegações de Travis, alegando especialmente que havia forte motivo financeiro para todo o caso. Segundo Klass, Rogers sabia que não conseguiria concluir seu contrato com o Serviço Florestal e engendrou um esquema para invocar a cláusula de Caso Fortuito do contrato, rescindindo-o, dessa forma, sem inadimplência. Outros argumentaram contra essa ideia, notando que a inadimplência do contrato com o Serviço Florestal não era necessariamente a catástrofe que Klass queria fazer parecer: Rogers já havia deixado de concluir dois de seus muitos contratos anteriores com o Serviço Florestal e, ainda assim, fora contratado novamente, sem prejuízo aparente. Além disso, apesar de sua ansiedade com o contrato, Rogers nunca invocou, nem tentou invocar, a cláusula de Caso Fortuito após o desaparecimento de Travis.

Klass e outros também notaram que o programa O Incidente do OVNI fora transmitido pela NBC apenas algumas semanas antes do desaparecimento de Travis. Esse filme feito para a televisão era um relato ficcional baseado na Abdução dos Hill, o primeiro caso amplamente publicado de abdução por alienígenas. Klass e outros especularam que Walton se inspirara no programa. Walton negou ter assistido o filme, mas Klass afirma que Mike Rogers assistiu pelo menos parte do programa. Clark argumenta que o relato de Walton de seu tempo no OVNI é bem diferente do relato dos Hill e, além disso, “não havia grande similaridade entre o caso de Walton e nenhuma outra narrativa de abdução” discutida publicamente em novembro de 1975.

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